segunda-feira, 30 de maio de 2011

A saga de Clemente - Cap. I

Capítulo I - Um pouco de Clemente


Mesmo sabendo das lutas que ainda estavam por vir, sentia-se feliz pelas vitórias que havia conquistado, apesar das feridas que estampavam seu corpo como tatuagens escolhidas pela dor.
Caminhava lentamente, desviando dos poucos que cruzavam seu caminho, pensando na força que sentia quando fechava seus olhos e buscava uma razão para desistir de tudo que começara.
Um filme de sua vida passava e sempre se via como um coadjuvante, um mero participante de um enredo que definiria seu caminho, e não raro sofria as conseqüências das escolhas que não fazia, da distância que mantinha pela segurança que sentia.
Ficava imaginando se pudesse voltar ao tempo, talvez fizesse tudo diferente, mas não tinha certeza disto também, não se sentia infeliz nem arrependido da situação que se encontrava.
Muitos ficaram para trás, muitos também estavam a sua frente sem notarem sua presença, sua importância, seu papel.
Era querido, ou melhor, não era odiado e isto talvez o deixasse ainda mais desanimado e morno, queria se sentir um ser existente e notado, um ser a ser seguido, não um qualquer. É nesta hora, que Clemente percebe a importância das ações, sejam elas boas ou más, com conseqüências premeditadas ou fora de controle, não importa, estava disposto a arriscar todo seu caráter, toda sua história, todos seus valores que até então e apesar de tudo ninguém notara.

Mas Clemente não era tão só, tinha lá seus contatos, seus amigos por conveniência, por interesse recíproco, por necessidade passada ou futura por ora planejada, ainda mais agora que colocaria seus planos, se é que tinha planos, em ação. O maior plano era não executar tudo aquilo que vinha planejando e sonhando desde sua infância, pois vira que até o momento não surtira o efeito desejado, além de alguns poucos favores prestados que lhe renderiam frutos, os quais agora sabia exatamente onde e com quem colher, afinal, Clemente não era mais aquele cara.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Tente outra vez (Raul Seixas/ Marcelo Motta / Paulo Coelho)

Veja!
Não diga que a canção
Está perdida
Tenha fé em Deus
Tenha fé na vida
Tente outra vez!...

Beba! (Beba!)
Pois a água viva
Ainda tá na fonte
(Tente outra vez!)
Você tem dois pés
Para cruzar a ponte
Nada acabou!
Não! Não! Não!...

Oh! Oh! Oh! Oh!
Tente!
Levante sua mão sedenta
E recomece a andar
Não pense
Que a cabeça agüenta
Se você parar
Não! Não! Não!
Não! Não! Não!...

Há uma voz que canta
Uma voz que dança
Uma voz que gira
(Gira!)
Bailando no ar
Uh! Uh! Uh!...

Queira! (Queira!)
Basta ser sincero
E desejar profundo
Você será capaz
De sacudir o mundo
Vai!
Tente outra vez!
Humrum!...

Tente! (Tente!)
E não diga
Que a vitória está perdida
Se é de batalhas
Que se vive a vida
Han!
Tente outra vez!...


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Clemente

Clemente
Ausente
Inconsciente
Mente
Presente
Sente
Gente
Quente
Frente
Dente
Rente
Demente
Tente
Devolva
Envolva
Dissolva
Tente
Novamente
Clemente

domingo, 22 de maio de 2011

Para minha mãe

Existem sentimentos que brotam de meu peito e não consigo expressá-los da maneira mais comum como um forte abraço, palavras de carinho ou até mesmo através de uma longa conversa pelo telefone, talvez por ter me tornado ou sempre sido de certa forma frio e distante das pessoas que amo e que fizeram parte de meu crescimento e ainda fazem parte da minha vida.
Mas esse meu jeito não significa que esses sentimentos simplesmente não existam, ou não os valorizo adequadamente. É somente o meu jeito, minha maneira de tratar certos assuntos que me deixam mais seguro apesar de menos perto.
Tenho certeza que o tempo já fez um pouco do seu trabalho em operar na evolução das pessoas e por isso me sinto evoluído para entender que esse meu jeito, o jeito que escolhi como o melhor para mim, não é o melhor para os meus, não é o melhor para aqueles que me querem bem, não é o melhor para você mãe.
Agora que tenho filhos, sei exatamente a necessidade que sentimos de ser amado por eles e principalmente de que este amor esteja estampado num enorme outdoor para nos sentirmos seguros de que fizemos o melhor por eles assim como você fez o melhor por mim mãe.
E é por isso que escrevo, utilizando a forma que considero mais fácil e nem por isso menos verdadeira de expressar-me. Parece coisa de criança, daquelas que estão começando a escrever e a desenhar a seus pais enormes corações tortos com bonecos de palito e um grande EU TE AMO escrito, que apesar das letras disformes demonstram os mais verdadeiros sentimentos que saem daquele pequeno grande coração de criança.
Mãe, vejo em ti um exemplo de garra, hombridade, benevolência, resignação, persistência que fazem de ti um ser especial, um ser capaz de perdoar a todos, tantas vezes quantas forem necessárias e nem por isso perder o seu valor, nem por isso perder sua identidade, sua essência de mulher, nem por isso perder os que te querem bem.
Mesmo que considere que os amigos são poucos, os que estão ao seu lado estão contigo, para o que der e vier, e estão pelo que você é, pelo que você faz e como faz as coisas.
Mais um ano de luta em sua vida, mais um ano sendo o exemplo para mim. Por bons e maus momentos você passou, mas conseguiu aproveitar de cada um deles o melhor, a experiência para continuar sua evolução, para continuar sendo o exemplo para tantos.
“É a luta aperfeiçoando a vida, até que a nossa vida se harmonize, sem luta, com os Desígnios do Senhor”. (Ministro Clarêncio no livro Entre a Terra e o Céu de André Luiz)
Meus sinceros parabéns de seu filho que te ama.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sem freio

Lápide fria de desgosto estampa no rosto o estampido quase certo do sufoco oco com eco no regresso da partida sentida no início da jornada não vivida que aflora pelos pêlos até os cabelos dos pés encaracolados e anuviados pela sombra da razão que absorve e contempla a emoção dos vastos vícios causados pelo ócio.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Desejo

Importante dizer que nem sempre se consegue aquilo que deseja
Muito embora não saiba ao certo o que deseja
E a providência nos deixa imune de maiores problemas
Muitas vezes não entregando o desejo
Tudo ao seu tempo
Nem sempre há preparo suficiente para o recebimento
Nem sempre o desejo será adequadamente aproveitado
Nem sempre o desejo será o desejo assim que não mais for desejo
Importante dizer que desejar somente não basta
Resignar, desde que seja com moderação
Confiar sempre!

Eu não tenho tudo que desejo.
Ainda bem!!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Pizza de chocolate

Quarta-feira, o relógio avançava das 21:30, quando decidimos ir à um rodízio da cidade.
Mozi, Bê, Mari e eu adentramos no estabelecimento e solicitamos dois rodízios. A atendente, muito solícita por sinal, informou que, devido ao horário, o rodízio tinha acabado e nos restava a opção de fazer o pedido a la carte.
Frustrado que fiquei, imaginando ter perdido as pizzas doces do rodízio, fiz cara de cachorro pidão, e lamentei junto à garçonete, não poder comer a pizza de chocolate com morango a qual exaltei ao extremo na tentativa de sensibilizar a solícita atendente.
Não é que funcionou!
A moça, extremamente emocionada, falou baixo para não dar trela, que colocaria dois pedaços de pizza de chocolate com morango para nós, por conta dela e olhou para minhas filhas neste momento ... bem, já vi que teria que dividir os pedaços com elas, mas, melhor receber a divisão de dois pedaços entre 4 pessoas do que a inveja de ver as mesas ao lado se deliciando com vários pedaços de pizza de chocolate com morango, que cada vez mais pareciam me chamar ... quase pedi para desligarem o som ambiente para ter certeza desta recíproca relação.
Muito bem, com os dois pedaços de pizza em cima da mesa, de certa forma escondidos atrás do cardápio, dos temperos que ficam na mesa e do porta guardanapos ... tentando não trazer problemas para a solícita atendente (permitam-me um parênteses neste história: até agora não sei porque não comemos logo estes dois pedaços de pizza de chocolate com morango), fizemos o pedido de cinco esfihas (uma de calabresa, uma de queijo, uma de escarola, duas de pizza) e dois refrigerantes, saindo da dieta, mas nem tanto por serem zero.
Enquanto os dois pedaços de pizza de chocolate com morango aguardavam para serem terrivelmente devorados, nós também aguardávamos a chegada de nosso pedido de esfihas e mais uma vez ainda não consigo entender porque não comemos logo estes dois pedaços de pizza de chocolate com morango, será que estávamos respeitando tanto assim a tradição de comer o doce depois? Se bem que nesse meio tempo estávamos mais ocupados em segurar nossas lindas e peraltas filhas para que não houvesse nenhum sinistro no local com vítimas fatais (pratos, copos, azeite, talheres, toalhas são com certeza brinquedos e tanto para a imaginação destas duas feras).
Eis que chega nosso pedido.
Fomos servidos pela solícita atendente que olhou com espanto os dois pedaços de pizza de chocolate com morango camuflados na mesa e não duvido que ela tenha pensado porque estas adoráveis criaturas ainda não comeram os dois pedaços de pizza de chocolate com morango que ela, por conta e risco, disponibilizou assim que chegamos e praticamente imploramos pelos tais pedaços ... afinal, pensou ela, é o meu que está na reta.
Comemos as esfihas, tomamos nossos refrigerantes e agora sim, desimpedidos para saborear os dois pedaços frios de pizza de chocolate com morango, uma reportagem na televisão nos chama a atenção (não me ocorre agora qual era o assunto em questão), mas agora sim, novamente desimpedidos para saborear os dois pedaços frios e murchos de pizza de chocolate com morando, a Bê em momento mais que oportuno precisa ir ao banheiro. A Mozi levanta, leva a rebenta ao toalete enquanto eu fico domando a ferinha mais nova que, como Houdini, consegue se soltar do cinto do cadeirão, postar-se em pé por sobre a mesa, tentando de qualquer forma chegar aos dois pedaços frios, murchos e apáticos de pizza de chocolate com morango. Não me espantarei se você também estiver se questionando porque não devoramos logo os dois pedaços de pizza de chocolate com morango.
Mas agora sim, o faremos e nada nos deterá, nem a tradição do salgado primeiro, nem a reportagem da televisão, nem o xixi da Bê, nem o truque de ilusionismo da Mari, nem nada!!
E comemos ... eu ia repetir o “E  comemos” nesta frase, mas foi tão rápido que não coube.
Devoramos os dois pedaços frios, murchos, apáticos e maravilhosos de pizza de chocolate com morango.
As meninas caindo de sono nos obrigou a solicitar a conta.
A prestativa atendente ao entregar a conta, fez questão de frisar que não colocou os dois pedaços de pizza de chocolate com morango na comanda e ficou aliviada por não existir nenhum vestígio de pizza de chocolate com morango sobre a mesa.
Levantamos, nos dirigimos ao caixa, onde ao entregar a conta juntamente com o cartão de crédito, a atendente confirmou o pedido, dizendo que foram somente cinco esfihas e dois refrigerantes em lata, o qual confirmei sem pestanejar. No entanto, neste momento imagino que minha querida esposa fazia uma pequena viagem à Marte, não prestando a mínima atenção nas palavras proferidas pela atendente e se acometendo de perda de memória recente semelhando-se a peixinha Dory amiga do encantador Nemo.
Associado ao pequeno caos, a máquina do cartão de crédito estava com dificuldade de comunicação, o que forçou a atendente demonstrar todo seu carisma e aptidão no trato com as rebentas e papo vai, papo vem, e eu pensando nas cinco esfihas e dois refrigerantes, os quais decorei os sabores caso fosse questionado, e minha esposa retornando de Marte, ouve de supetão a fatídica pergunta da atendente a uma de minhas filhas.
O que você comeu que parecia estar tão gostoso?
Estacionando a nave-mãe minha esposa responde mais do que prontamente:
P I Z Z A  D E  C H O C O L A T E ! ! !
Bem, baixei os olhos, quase desfaleci, xinguei por dentro a falta de comunicação do cartão que fez que com ainda estivéssemos na frente da atendente, mas, para minha surpresa, minha adorável esposa, como Magda do Sai de Baixo, complementa a resposta dizendo que a PIZZA DE CHOCOLATE ESTAVA MARAVILHOSA.
Apesar de minhas bochechas ruborizadas, minhas pernas moles, meu coração disritmado, não perdi pose, continuei convicto que comemos apenas cinco esfihas, sendo uma de calabresa, uma de queijo, uma de escarola e duas de pizza e tomamos dois refrigerantes em lata, aguardando o comprovante do cartão para assinar e sair sem maiores problemas.
A atendente, que de certa forma, não estava entendendo muito bem o que se passava continuava a conversar com a Dory Magda Marciana que insistia em dizer que a PIZZA DE CHOCOLATE COM MORANGO ESTAVA DELICIOSA.
Nisto a porra da máquina funciona, libera o ticket, eu assino qualquer coisa parecida como
Caco Antibes e saio carregando a mais nova tripulante da nave-mãe e suas rebentas, que ainda sim, persiste em dar um tchau a solicita atendente.
Logo que saímos, olhei bem nos olhos da Dory Magda Marciana e pergunto:
- Você viu o que você fez?
- Eu??? O que?? Não fiz nada!!
- Como não fez nada???? Você quer que a atendente perca o emprego???
- Mas porque você está falando isso??? Eu não fiz nada!!
- Como não? O que você respondeu para a moça???
- Ué, PIZZA DE CHOCOLATE!
- E qual era o combinado??
- Nooooossssaaaaaaa, não devia ter mencionado a PIZZA DE CHOCOLATE ... E agora?
- Aproveita que você está na frente da igreja e começa a rezar para que ela não seja mandada embora.
- Rimos muito!!!
Mas até agora não voltamos ao estabelecimento para saber por onde anda a solícita atendente.
Será que existe rodízio em Marte??
Analisando a foto abaixo, acho que descobrimos porque a atendente do caixa fez questão de perguntar o que a rebenta tinha comido de tão gostoso.


domingo, 15 de maio de 2011

Vai e vem

Pacto de impacto
Afeto que incomoda
Chama que incendeia
Brasa que recorda
Cinza que não há
Clareza que tortura
Posição que não muda
Causa sem efeito
Sonho sem sentido
Tormento que atormenta
Mágoa que machuca
Força que invade
Caos que orienta
Sorriso que mente
Lágrimas que secam
Vozes que calam
Instante que não passa
Breu que ofusca
Ser que não está
Ter que sempre falta
Noite que consome
Janela aberta
Tensão que ameniza
Garoa que nem sente
Lua que convida
Brisa que alimenta
Sereno que acompanha
Lagoa que reflete
Rio que deságua
Vazio que fica
Cheio de nada

sábado, 14 de maio de 2011

Lançado ao vento

Saio correndo ao relento
Ofegante por instinto
Olhos secos pelo vento
Pés descalços
Piso em tudo, não sinto nada
Desconheço o caminho
Sigo as estrelas
Onde estão as estrelas?
Frio, calor, suor, dor
Não paro, não consigo
Busco um regaço
Um abraço
Um amigo
Um alguém
Um me torno ao ver
O que há tempo não via
Com lágrimas ocultas
Choro por dentro
Pequeno me sinto
Desapareço no relento
Fui levado ao vento
Sua força abstrata me lança
Carrega-me nos braços
E com a pureza de uma criança
Acordo!
Mais cheio de vida e esperança ...

sábado, 7 de maio de 2011

Iluminado (Vander Lee)

Vi o meu sentido confundido, iluminado
Vi o sol enluarar, quando viu você
Vi a tarde inteira, a Sexta-feira, o feriado
Esperando o amor chegar e trazer você
Você chegou querendo
Tudo que o tempo não te deu
E que levou de você;
Sem saber que você já sou eu
Agora não entendo
O meu relógio o amor tirou
Mas sei que o meu coração
Tá batendo mais forte
Porque você chegou

Parabólica (Humberto Gessinger)

Ela pára
E fica ali parada
Olha-se para nada
(paraná)
Fica parecida
(paraguaia)
Pára-raios em dia de sol
Para mim
Prenda minha parabólica
Princesinha parabólica
O pecado mora ao lado
E o paraíso... paira no ar
... pecados no paraíso ...
Se a tv estiver fora do ar
Quando passarem
Os melhores momentos da sua vida
Pela janela alguém estará
De olho em você
Completamente paranóico
Prenda minha parabólica
Princesinha clarabólica
Paralelas que se cruzam
Em belém do pará
Longe, longe, longe (aqui do lado)
(paradoxo: nada nos separa)
Eu paro
E fico aqui parado
Olho-me para longe
A distância não separabólica

Breu (Vander Lee)

Ando procurando pelo seu olhar
Clareou o dia você desapareceu
Na estrada, no vento ou qualquer outra rota estelar
Na ilha deserta ou no inverno do norte europeu
Mergulhando ruas, beijos ao luar
Velejando bocas, loucas pra beijar
Mar e o oceano, e a onda que veio e bateu
Lembra a distância entre o seu mundo e o meu
O aluguel venceu
Meu time jogou
Tudo aqui é seu
E você não ligou
De manhã choveu
O carro enguiçou
O sinal fechou
O amor não percebeu
Passo todo dia e noites a vagar
Solto no descaso, preso em seu mirar
Na dança do tempo só você, meu bem, é que não viu
Durmo sabendo que você não vai voltar
O aluguel venceu
Meu time jogou
Tudo aqui é breu
E você não ligou
De manhã choveu
O carro enguiçou
O sinal fechou
O amor não percebeu
O aluguel venceu
Meu time jogou
Tudo aqui é breu
E você não ligou
De manhã choveu
O carro enguiçou
O sinal fechou
O amor não percebeu

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Espelho meu

Bastam poucas palavras para causar impacto
Um singelo movimento repercute sobremaneira
Detalhes percebidos tornam-se barreiras
O quase certo se torna tão longe
Os passos dados não representam nada
Acorda caído pensando nas derrotas
O hoje já está perdido
Não acredita em você
Têm mais planos que atitudes
Muitas iniciativas e poucas acabativas
Sofre por antecipação
Preocupa-se de menos com o agora
Não faz por merecer
Mais reclamação que ação
Considera seus problemas maiores do que são
Acredita que os outros são felizes
Acredita nos sorrisos, mas desconhece o coração
Ainda reclama, nada dá certo
Dorme como pedra, acorda morto
Nem percebe
Perdeu mais uma
Preocupa-se com o vizinho
Ah seu fosse como ele!
Porque comigo?
O que eu fiz de errado?
Trabalha, trabalha, não vê resultado
Reclama, reclama, não vê resultado
Mais um dia, que martírio
Vê seus passos, não o caminho
Tropeça nas pedras do caminho
Coloca mais pedras no caminho
Um obstáculo, uma oportunidade
Não aproveita
Perde mais uma
Porta fechada, janela fechada
Mente fechada
Basta!
(Termino depois)

Começo, meio e fim (Tavito - Ney Azambuja - Paulo Sérgio Valle)

A vida tem sons que pra gente ouvir
Precisa entender que um amor de verdade
É feito canção, qualquer coisa assim,
Que tem seu começo, seu meio e seu fim A vida tem sons que pra gente ouvir
Precisa aprender a começar de novo.
É como tocar o mesmo violão
E nele compor uma nova canção
Que fale de amor
Que faça chorar
Que toque mais forte
Esse meu coração
Ah! Coração!
Se apronta pra recomeçar.
Ah! Coração!
Esquece esse medo de amar de novo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Retrovisor (Fernando Anitelli)

Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra
E na verdade nada muda

O menino que me pediu R$0,10
É um homem de idade no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vende-os por açúcar, prendas de quermece

A placa do carro da frente
Se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso
E quando o faço nem noto

Outras flores e carros surgem no meu retrovisor
Retrovisor é passado, é de vem em quando do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde, próximo, seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu

Retrovisor nos mostra o que ficou
O que partiu, o que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi
Calçadas e avenidas
Deixa explícito que se for pra frente
Coisas ficarão pra trás
A gente só nunca sabe que coisas são essas


terça-feira, 3 de maio de 2011

Ser um

Na suave senda do deleite derramado
Ventura intrépida personagem vã
Fulgura em semblante nada funesto
Perfaz a magia de só existir
Contrapõe distintos anseios não seus
Ameniza a vasta sofreguidão
Eternizando a essência do ser
Ser constante, ser por ser
Sendo apenas um ser

Certas coisas (Lulu Santos / Nelson Motta)

Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Skap (Zeca Baleiro)

Quando você pinta tinta, dessa tela cinza
Quando você passa doce, dessa fruta passa
Quando você entra mãe-benta, amor aos pedaços
Quando você chega nega fulô
Boneca de piche
Flor de azeviche
Você me faz parecer menos só
Menos sozinho
Você me faz parecer menos pó
Menos pozinho
Quando você fala bala, no meu velho oeste
Quando você dança lança flecha, estilingue
Quando você olha molha meu olho que não crê
Quando você pousa mariposa morna, lisa
O sangue encharca a camisa
Você me faz parecer menos só
Menos sozinho
Você me faz parecer menos pó
Menos pozinho
Quando você diz, o que ninguém diz
Quando você quer, o que ninguém quis
Quando você ousa lousa pra que eu possa ser giz
Quando você arde, alardeia sua teia cheia de ardis
Quando você faz a minha carne triste, quase feliz.

Catando cacos

Bombatomicamente me fiz em pedaços calmos, achei-me partido em milhões que não se encaixavam. Corri o corpo a sutura e me fiz de novo um inteiro um todo partido, um todo novo ... assustado!

Pessoal, este texto é bem antigo e recentemente foi-me rememorado pela amiga Mara.
Pela falta de maturidade da adolescência e pela falta de memória dos anos que me consumiram, sinceramente não sei se estas palavras são verdadeiramente minhas. Cheguei até pesquisar no Google para ver se achava algo parecido de algum autor conhecido. Bem, até o momento não encontrei.
Não acho justo ficar com os créditos de algo que fiz e não me lembro, muito embora, até agora também não sei para quem dar os créditos.
Desta forma, caso encontrem o dono desta organização de palavras, peço informar para darmos os devidos créditos à ilustre figura.
Ah, caso o texto for meu mesmo, escolhi este título agora.

Aceitação do irremediável (Para Flávia em 1998)

Segue texto das antigas ...

Este texto eu fiz nos idos de 98 para minha eterna companheira.


Alegro-me ao teu sorriso
Viajo em teu perfume
Não descubro o segredo
Desta força que nos une

Sinto a tua presença
Não importa, perto ou longe
Recordo a tua beleza
Quando olho o horizonte

Não sabia o que era amar
Até sentir algo assim
Tão difícil de explicar
...Você é tudo para mim...

Vivendo com você
Sempre ao meu lado
Jamais conjugarei
O verbo “amar” no passado

Quero-te ao meu lado
Porque amo-te de verdade
Mais imenso que o universo
Duradouro como a eternidade

Quero-te porque te amo
Amo-te porque és minha
Não me chame de “meu amor”
Mas sinta-se como uma rainha


domingo, 1 de maio de 2011

Aio

Nove horas e três da noite deste domingo do trabalho
Avacalho começando algo como alho sem bugalho
Queira ou não, mas o que rima é chocalho
Confesso que pensei em baralho
Mas chocalho faz mais barulho!
Nove horas e dezesseis da noite deste domingo de Maio
Preciso de algo que termine com aio
Como raio ou saio
Mas existe mesmo só aio
Uma palavra de origem grega, lhe juro
Muito prazer em conhecê-la
Neste momento oportuno
Nove horas e trinta e dois da noite deste domingo
Não penso em nada a não ser no aio
Preocupa-me também como terminar isto
Apagar tudo é uma opção
Terminando logo pelo início
Num texto sem nexo
Apagando tudo nada fica
Se não fosse pelo aio
Que tutor significa

Palavras ordenadas de um Amigo

Pessoal, seguem dois textos que recebi de um Amigo tempos atrás ...



Seja qual for a perturbação reinante aquieta-te e fazes os melhores que podes...
Seja FORTE nos embates da vida e não desanime se o sofrimento visitar, em sua pessoa ou nas pessoas que lhe são caras...
O sofrimento, além de purificar-nos, realiza o aprimoramento de nossa força interna...
Ninguém consegue passar de ano sem prestar o exame...
Ninguém consegue progredir, sem sofrer o exame de natureza, que verifica se realmente sabemos ser fortes, suportando as dores...



Encontramos o semblante amargo da solidão no momento em que as circunstâncias nos compelem a deixar o conhecido...
Supomos que a construção de toda a existência desaba sobre nós mesmos, como se a ausência da moldura familiar nos rasgasse o quadro da própria alma...
Corações amigos, atraídos por outras sendas, nos abandonaram os ideais; pessoas queridas deixaram-nos a sós; aposentaram-nos na distância do trabalho de muitos anos...
Sentimo-nos, por vezes, que estamos deixando para trás tudo o que nos parece mais valioso, entretanto, não mais é verdade!
Busquemos a jornada corajosamente adiante e, buscando expressarmos em novas formas, reconheceremos que o amor e o trabalho são mais belos em nosso caminho...
Compreenderemos, então, que podemos adicionar novas parcelas de alegria à felicidade dos que mais amamos e que podemos servir com maior entendimento as aspirações que te inspiram a marcha...

Amaradorar

Sentimentos subjetivos semelhantes que se tornam tão distantes pelo medo da palavra. Palavra que trava na garganta, no gole seco, no olhar distante do amante adorado, por vezes amado, calado!

Breu

Solitário em meio à multidão
Descompassados passos me levam, ou me trazem
Não sei ao certo o que fazem
Ante a escuridão o brilho ofusca meu olhar
Enxergo o que imagino, vejo o que preciso
Novas sensações e sentimentos me invadem
Falta-me o ar no peito, meu coração vazio está
Difíceis são as lembranças ...
Sem passado, nem presente, sem esperança
O vazio é imenso, percebo mas não penso
Olho ao redor, só há desconhecidos
Compartilhando o mesmo sentimento, a mesma dor
Estranhos uns aos outros, não há calor
Rostos murchos e vazios, olhares perdidos
Não há luz, não há vida ...