Não tenha pena da pena que não mais escreve
Seus escritos ainda vigoram em papéis rotos
Seus traçados, muitas das vezes tremidos, remontam a história
Arte ou rascunho és o que és, pois fostes o que devia
Fez-se presente naquele momento empunhada e pronta
Serviu cegamente gastando-se a mercê de mãos estranhas
Duras penas expressando corações amolecidos
Sangrando feridas sobre papéis acolhedores
Revelando segredos, ódios, martírios e amores
Não tenha pena da pena que não mais escreve
Assim como amores que não mais existem
Paixões em brasa que se acinzentaram
Corações contentes que se entristeceram
Arautos em massa que se calaram
Não tenha pena...
Daquilo que um dia foste importante
De algo que um dia se mostrou marcante
Não tenha pena...
Nem tudo é para sempre, nem sempre se é tudo...
Enfim, contudo, todavia quase sempre
Vai-se o que fez e fica o que jaz
Sem pena...