sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Questão de tempo

Leve o tempo que o tempo leve
duradouro, instante, breve
de segundos que se atraem
em ponteiros que se atrevem

Longe vai por onde for
de soslaio sutilmente
sobrepujando a dor
tal amor se faz fluente

De passado faz presente
leva o hoje ao futuro
continua sempre em frente
caminhando no escuro

Sempre há oportunidade
de usá-lo bem ou mal
ele passa não espera
talvez nos use no final

Por mais que tenha sua cadencia
parece sempre contra nós
mas só ele nos permite
ter e desatar os nós

Esconde marcas, cicatrizes
que com ele foram feitas
traz em si suas raízes
sabe a hora da colheita

Temos tempo, assim achamos
mas o tempo é que nos tem
ora donos, ora escravos
hora que nos faz reféns

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Coisando

Existem coisas que não se entendem
Existem coisas que não se explicam
Existem coisas que não se entende
Existem coisas que só multiplicam
Existem coisas que não se divide
Existem coisas que não se mostram
Existem coisas que não se acabam
Existem coisas que só começam
Existem coisas que não se escreve
Existem coisas que não se conta
Existem coisas que não se mede
Existem coisas que só se repetem
Existem coisas que não se promete
Existem coisas que não se faz
Existem coisas que não existe
Existem coisas que só nos faz

Existir!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Para doxa

Sinto-me um oxímoro pessoano
Entendo-me por inteiro o vazio que sou
Aceito-me negando o que não sou, mesmo sendo
Sou fraco e inquebrável, forte e não durável
Sou o que fui, e serei não o que sou
Serei eu que não fui
Ou não fui eu que não sou

Um simples pedido do amor

Carregue-me em teus braços
Regue-me em teu jardim
Sou flor que tu plantastes
Colha-me e cuida de mim!

domingo, 22 de setembro de 2013

Conjunção celeste (O espetáculo do sofrimento)


Tento imaginar a dor da Lua e a frustração de Vênus aos serem contemplados num mesmo olhar, admirados numa mesma tela, encantando a todos pela linda união, quando na verdade ambos sabem o quão distantes são. Aparentam-se perto, o que já basta neste mundo de aparências.

sábado, 21 de setembro de 2013

Coesias antilassônicas

Escrever pode até ser uma arte, mas antes disto é um direito.

Todos temos o direito de escrever, de usar as palavras, brincar com elas e organizá-las criando um sentido, expressando um sentimento, um pensamento, uma vivência, um momento, uma carência, uma indignação, um "sei lá o que" que é preciso ser escrito, ser posto para fora, ser compartilhado, para ser lido ou ignorado.

As palavras são muitas, centenas, milhares e por que não infinitas?

Por que devemos nos limitar nas palavras que conhecemos ou que possamos procurar para saber como e onde usar?

Entendo que a vida é mais complexa e subjetiva, e que palavras e significados reunidos em um dicionário nem sempre poderão ajudar, ainda mais quando se trata de sentimentos. Palavras ligadas à sentimentos não podem, ou não devem, ter o mesmo significado, a mesma intensidade, a mesma frieza de leitura e interpretação, pois as pessoas são diferentes, os sentimentos são diferentes, e talvez nem existam palavras que consigam expressar estes sentimentos.

Da mesma forma entendo, que não se pode, ou não se consegue, medir sentimentos, sejam eles quais forem, como a dor, o amor, a saudade, a raiva, entre tantos outros que somente cada um de nós consegue sentir e nem sempre entender, o que dificulta ainda mais expressá-los através de palavras.

Sendo assim, vejo então, que para expressar verdadeiramente e completamente um sentimento é preciso mais que palavras, nossos atos ajudam bastante nestas horas, a distância atrapalha, pois por vezes, basta um olhar, um sorriso, um abraço, um aperto de mão para que nossos sentimentos sejam expostos e magicamente entendidos, mesmo que nem sempre correspondidos.

Mas voltando nas palavras, existe uma (mesmo que seja criação minha) que recentemente comecei a usar para representar nossos atos comuns feitos com mais cuidado, presteza e carinho do que convencionalmente fazemos nossos atos comuns. Para esta palavra dei o nome de "coesia", no sentido de trazer poesia a cada coisa que fazemos nesta vida. Justamente por entender que uma poesia raramente nasce sem cuidado, presteza ou carinho na escolha das palavras, das rimas, do sentido e nesta poesia encontra-se o maior esforço de expressar um sentimento, o qual já vimos a dificuldade de fazê-lo através de palavras somente.

A expressão "Coesia Antilassônica" surge então neste sentido, de fazer as coisas com mais cuidado, presteza e carinho, sejam elas quais coisas forem. O termo antilassônico, que também adaptei, vem do adjetivo "lasso", este existe no dicionário, que significa cansado, entediado, que sente profunda fadiga física, abatido.

Desta forma, o que proponho então, é viver cada segundo de nossa vida com coesia, nos tornando soldados do bem, em busca de um mundo melhor, lutando contra o tédio e a mesmice deste mundo lasso!


Mundo lasso!
Donde parte faço o meu
Resgato e transformo em quimera
Com brilho e cor de primavera
Onde a saudade não prospera
Mas eu e meu mundo nada são
Antes fosse nosso!
E para isso faço votos
Que dele faça parte
E que dessa arte
Possamos ...

Desvanecer!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Dança da vida

Revigora minha alma, reinventa minha sina

Traz de volta minha calma, seja minha estrela guia

Em seu brilho me fascino, seu sorriso me encanta

Tenho a ti um sentimento com pureza de criança

E nesta dança eu me vejo dando passos e tropeços

Em meados desta cena sinto falta de mim mesmo

E a esmo fico enfim procurando eu em mim

Onde estou que não me acho?

Se não for em teu abraço, em teu colo ou regaço

Sei que ainda existe um laço, que nos une no compasso

Desta dança nesta vida que me forjo como aço!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Curtas VII

Onde fica oeste neste norte que me segue sendo sul que me suga deste leste que me deixaste assim ... perdido!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Irrefutável

Por mais que eu tente encontrar maneiras que consigam representar a sensação de estar contigo, sinto-me incapaz de comparar coisas que pertencem a mundos tão distintos.

Como explicar que o chão se abre a cada passo dado em sua direção?

Quem acreditaria que de fato flutuo embalado no ar que te rodeia?

Não sei dizer o que me conduz, se me seduz, assim o faz da forma mais bela e encantadora.

Ao olhar para ti, o destino se embaraça, perde a linha, a graça, confunde-se por inteiro, erra pela metade.

Quanto menos palavras usamos, mais nos entendemos, numa verdadeira troca do melhor que temos.

Toque em meus lábios, aconchegue-se em meu peito, ouça o bater sincero de meu coração guerreiro.

Deixe teu cheiro me levar às nuvens, agradecer ao anjo que te criaste, conhecer a essência de tua alma, de teu brilho diferente.

Vem com teu abraço me fazer forte, me dar coragem, mostrar a luz.

Vem com tua força dominar meu medo!

Arrepio-me por inteiro em pura emoção ... e nada mais!

Faz da minha vida a missão nada impossível de te amar!

Não há motivo, sigo teus traços, tua luz, teu rumo, teu instinto, me desarrumo.

Você me falta, o tempo nos falta, só não nos faltam por quês!

Por quê?

domingo, 15 de setembro de 2013

Pretérito imperfeito (... um tanto quanto subjuntivo ...)

Como se só agora eu descobrisse ou percebesse que uma parte sempre faltou em mim

Como se só agora a aurora de um novo despertar chegasse com um brilho que acende minh´alma

Como se só agora meus caminhos trilhados fizessem sentido e me mostrassem o sentido

Como se só agora o ar que eu respiro invadisse meus pulmões enchendo-os com o seu perfume

Como se só agora o breu da noite sem luar ressaltasse o fulgor do seu olhar distante

Como se só agora seu semblante ditoso transformasse em magia a beleza que emana de ti

Como se só agora as palavras e o silêncio ecoassem calados confortando o meu coração que é seu

Como se só agora seu sorriso sincero reluzisse em mim a força e a luz que habita em ti

Como se só agora toda música fosse nossa, embalando e conduzindo nossos passos

Como se só agora meu ombro caído servisse de abrigo para um coração que também é meu

Como se só agora o simples tocar de nossas mãos trouxesse a paz e o porto seguro que carece nosso ser

Como se só agora nossos braços nos envolvessem e este abraço nos juntasse num único ser, num só coração

Como se só agora a distância entre nossos olhos fizesse com que nossos lábios se encontrassem e se perdessem

Como se só agora o estar longe nunca fosse mais perto, e por mais perto que fosse, ainda seria longe

Como se só agora criar um mundo fosse possível, formado de coisas que gostamos e poesias que fizemos ... e ainda faremos

Como se só agora a sintonia e a harmonia fizessem parte de nossos atos e pensamentos e a coesia maestrasse soberana nesses momentos

Como se só agora uma força desconhecida nos unisse e nos levasse a crer que nunca estivemos separados

Como se só agora meus versos tivessem um motivo, uma nobre singela verdadeira e autêntica razão

Como se só agora me faltassem palavras que consigam traduzir verdadeiramente o que sinto e preciso

Como se só agora o ocaso cansado deixasse comigo o adormecer divino que renova, revigora, revive e acalenta este ser sofrido

Como se só agora eu me encontrasse numa situação tal qual não sei o que fazer, dizer, sentir, pedir ou esperar ... posso assistir e sonhar ... prefiro viver e acreditar

Como se só agora eu tentasse controlar meus sentimentos e minha memória, o que criamos e nossa história ... enganando-me em vão ... pois esquecer só me faz lembrar ...

Como se só agora a metamorfose compulsória de uma lagarta mostrasse a graça, o encanto e a beleza da mais linda borboleta