quarta-feira, 20 de setembro de 2017

InFelicidade


Parágrafo único


Amor de época


Tocando a vida

Se não me sobre a memória
Desta falta de recordação
Continuo o mesmo de nunca
Tendo a voz no coração

Ouvidos ouvintes outono
Em primavera estação
Inverno-me por dentro
Em busca de mais verão

Vendo concisa paisagem
Consigo pairar...
Em brisa me faço miragem
Cinzas de brasa no ar

Longe vai como o horizonte
Mantenho a fé enquanto vale
Agradeço quando em monte
Sendo rio de longo curso
Não esqueço a minha fonte

Em oitavas notas altas
Surgem hinos, soam sóis
Escala pentatônica
Sustenidos e bemóis

Percorrendo superfícies
Percebo a vida me levando
Por planaltos e planícies
Vez sem rumo, sigo orando

Sou assim um tanto estranho
Busco a paz como bandeira
Perco o foco, pouco sonho
Solto o freio na ladeira

Frio que sua até que esquenta
Sangue ferve em poucas veias
Meio louco quem aguenta?

Quero ter em minhas teias
O que quero em vida minha
Penso muito, peço pouco
Ah saudade reprimida!

Barco em tela

Azul vejo em cores distintas
Branco faz pra mim que cor
Negra noite de lua dormida 
Que tem cheiro e sabor

És sentido imaginável
És flor de fruta pão
Verde mágoa sem motivo
Sete léguas sem razão

Me tatua, marca, pigmenta
Grava em mim uma aquarela
Tons de cinza, anil, magenta
Sou de ti um barco à vela

Sopra-me a calmaria
Faz pequena a imensidão
Mostra-me as três Marias
Faz bater meu coração

Apanha-me em teus braços
Silencia a multidão
Ouço passos do passado
Bate à porta, estende a mão

Tendo em tela um barco à vela
Ali parado, solidão...
Não há vento nem vontade
Só lamento e gratidão...

Arco-íris de sentimento
Aparece por momentos
Rasga o peito, vira a noite
Bate em mim tal qual açoite

Fim!
...
Antes fosse simples assim
...!