Raros entre nós são pessoas que sorriem com o brilhar dos
olhos, pois o da boca, além de ser externo, é facilmente calculado.
Quem é de verdade sabe quem é de mentira...
Entre bom dia, boa tarde e boa noite, nada há senão espaços
de tempo vazios.
Mais raros ainda entre nós, são pessoas que de fato
conseguem se colocar no lugar dos outros e desta proeza magistral se tornam
exemplos desapercebidos em meio a não raros focos de nada.
Na era da essência perdida, mais vale o que se fala.
Na era da essência perdida, mais vale o que se mostra.
Ser e estar cada vez menos conjugados perdem lugar ao ter e
parecer.
Ouvir e acolher esforçam-se para preencher rotinas
atribuladas.
Plantar, semear, cuidar e esperar perdem sentido com
colheitas impróprias, desproporcionais e ilegítimas.
Paciência torna-se refém do interesse e da má vontade e é
confundida com tolice pelos que a usam indevidamente.
Educação, empatia e simpatia não são entendidas como se
devem abrindo caminho para perigosas pseudo intimidades.
Pessoas julgam-se conhecedoras de assuntos os quais não
passaram do prefácio, visto que o difícil dá trabalho.
Opiniões tornam-se armas de única bala, disparadas contra o
vento, ecoando triste em busca de um alvo fatal.
Sentimentos são levados ao extremo, raiva, dor, amor,
felicidade, saudade, solidão, ódio, compaixão e pena, invertendo ordens,
valores e pudores.
A falta de equilíbrio de maneira generalizada é
estigmatizada pelos reveses desta vida.
A vida cada vez mais perde a chance de mostrar que pode ser
boa e justa.
Enquanto a morte, de tal sorte, calada fica à espera de
términos precoces de vidas sem sentido que tanto foram sem nada terem sido!
Amei este poema. Profundo e verdadeiro. Vou postar no meu Facebook.
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